Gestão estuda propostas para reforçar quadro docente dos Cursos de Engenharia de Joinville

23/10/2013 08:55

Reitora se reúne com representante da Agência Espacial
Brasileira – foto Henrique Almeida/ Agecom/UFSC

A reitora Roselane Neckel recebeu a visita do diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AGE), Carlos Alberto Gurgel Veras, na última sexta-feira (18). A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a AGE demonstraram interesse em firmar parcerias com o objetivo de consolidar os sete cursos de Engenharia do campus de Joinville, com destaque para a graduação em Engenharia Aeroespacial.

De acordo com a reitora, há entraves para ampliar a contratação de professores para Joinville devido ao quantitativo de vagas estabelecido em 2007, período em que os cursos foram instituídos por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras (Reuni). As especificidades das graduações oferecidas no campus também são um fator que dificulta a atração de docentes. “Seria importante uma consultoria por meio de uma parceria tripartite entre UFSC, Agência e um polo de referência de pesquisa internacional para fortalecer essa área dentro da Universidade”, pontuou Roselane.

A possibilidade de receber recursos humanos de outros países para atuar em Joinville por meio do programa Ciência sem Fronteiras Espacial, cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi discutida na ocasião. “São 300 bolsas com duração de três anos, grande parte para pesquisadores e professores. É uma forma de trazer profissionais de fora com experiência”, observou o diretor da Agência.

O coordenador do curso de Engenharia Aeroespacial, Juan Pablo Salazar, participou do encontro e, a pedido da reitora, deverá elaborar um projeto estratégico que relate as demandas do curso. A partir da análise constante do documento, serão feitos contatos com universidades do exterior para negociação. Itália, Alemanha, Bélgica, Rússia, Ucrânia, Japão e China são alguns dos países que possuem profissionais qualificados em pesquisa na área aeroespacial.

Carlos Gurgel destacou a vocação do Brasil na área aeroespacial e a necessidade de desenvolver outras competências e de qualificar pessoal para atuar no setor. “A nossa proposta é trazer a Academia para fazer parte do Programa Espacial Brasileiro”, explicou. O PEB abrange o desenvolvimento e a pesquisa de tecnologias para o lançamento de veículos aeroespaciais e satélites, além de outros serviços relacionados.

O pró-reitor de Pesquisa (PROPESQ), Jamil Assereuy Filho, e a diretora do Departamento de Inovação Tecnológica e Social (DITS), Rozângela Curi Pedrosa, também participaram da reunião. O campus de Joinville oferta os cursos de Engenharia Aeroespacial, Engenharia Automotiva, Engenharia Ferroviária e Metroviária, Engenharia Mecatrônica, Engenharia Naval, Engenharia de Infraestrutura, Engenharia de Transportes e Logística e Bacharelado Interdisciplinar em Mobilidade.

Bruna Bertoldi Gonçalves/ Jornalista na Assessoria de Imprensa do Gabinete da Reitoria / UFSC
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Chuva: ainda sem explicação

11/02/2011 10:23

Juan Pablo de Lima Costa Salazar*

O ser humano já explorou as profundezas do oceano , pisou na lua e enviou robôs a marte, mas ainda falha de forma vergonhosa na hora de prever onde e quando vai chover. Para ser justo, a situação melhorou muito, mas ainda está longe da ideal.
Um dos grandes problemas que a humanidade enfrenta é a previsão da evolução do clima e dos efeitos da ação do ser humano sobre ela. E a chuva, ou melhor, o grau de cobertura do céu pelas nuvens, tem um papel fundamental a desempenhar. Um está intrinsecamente ligado ao outro. Mas afinal, por que chove?
O ar que nos circunda contém moléculas de água. Quanto mais água está no ar, mais úmido ele é. Para se convencer de que existe água no ar, basta deixar um pires com água ao ar livre. Certifique-se de que seu cachorro não lambeu o pires e volte algumas horas depois. Para aonde foi a água?
A água que está no ar encontra-se no estado gasoso. Esse ar carregado de água eventualmente sobe. Ao subir ele se resfria. Ao se resfriar as moléculas de água condensam sobre pequenas partículas que estão suspensas no ar, formando gotículas. O resultado é uma bela e pomposa nuvem. mas ainda não é hora de abrir o guarda-chuva! Essas gotículas suspensas que formam a nuvem passam a crescer pelo mesmo processo de condensação. Ficam cada vez maiores. E se chocam uma com as outras, formando gotículas maiores. É o que chamamos de colisão e coalescência. Até que em um momento uma delas cai. Fica tão pesada que literalmente cai do céu. Ao cair choca-se com outras gotículas e desencadeia um processo chamado precipitação, ou chuva. De guarda-chuva aberto, prossigamos.

Tendo exposto o mecanismo básico que dá origem à chuva, vamos aos detalhes. Os modelos físicos que são usados prevêem um tempo para formação da chuva muito maior daquele que é observado na prática. Alguns pesquisadores acreditam que o problema está na turbulência, um fator muitas vezes omitido nos modelos. Já foi verificado em experimentos e simulações que a turbulência tende a aglomerar as gotículas em espécies de constelações. Isso significa que cada gotícula tem mais “vizinhos” do que teria caso a turbulência não existisse. Tendo mais vizinhos próximos, a probabilidade de ocorrer uma colisão é maior, e portanto a turbulência pode acelerar o processo de formação de chuva. Pesquisadores ainda estudam se a turbulência tem um efeito sobre o processo de condensação, principalmente nas “bordas“ das nuvens. A turbulência é apenas um dos candidatos, existem outros.
Vários grupos de pesquisa no mundo estão obstinados a resolver esse problema, através de experimentos complexos e simulações em supercomputadores. Afinal, a nossa sobrevivência depende da compreensão dos processos físicos que nós afetamos através de nossas ações.
Será que amanhã vai chover?

*PhD em Engenharia Aeroespacial (Cornell University)
Professor e pesquisador do Centro de Engenharia da Mobilidade
(CEM-UFSC Joinville)

Fluidos e Turbulência

20/01/2011 16:18

Juan Pablo de Lima Costa Salazar*

Quem nunca ouviu falar de turbulência? Usamos essa palavra para descrever um estado de agitação, de desordem.
É comum falar em tempos turbulentos, mas a turbulência também ocorre em um fluido, que é tudo aquilo que escoa como água, ar ou mel. Um exemplo é a turbulência sentida ao voar de avião.
Talvez você não saiba, mas convivemos com a turbulência o tempo inteiro! Criamos turbulência ao misturar leite numa xícara de café. O bochecho é também um ótimo exemplo de turbulência matinal. Da xícara à cascata e do avião ao ciclone, a natureza fundamental é a mesma: o movimento desordenado de um fluido, com a presença de redemoinhos de vários tamanhos, que interagem entre si de forma muito complexa.
Leonardo da Vinci foi um dos pioneiros do estudo da turbulência ao capturar sua essência com extrema beleza (veja: http://tinyurl.com/67e7ws2). Na época, da Vinci não dispunha das ferramentas matemáticas dos seus sucessores que permitiram grandes avanços no estudo da turbulência, principalmente a partir do final do século XIX.
Mesmo com o estudo continuado e o advento de supercomputadores, a turbulência continua um problema difícil de ser resolvido.
O estudo da turbulência é muito importante, pois ela está em todo lugar. No Centro de Engenharia da Mobilidade (CEM-UFSC) em Joinville estamos interessados na interação entre a turbulência e a estrutura de um avião, navio, automóvel ou trem. A partir do estudo da turbulência o engenheiro é capaz de projetar veículos que despendem menos energia e fazem menos ruído ao se locomoverem, diminuindo o impacto sobre a natureza.
Não somos hoje capazes de resolver um problema como o do avião em todo o seu detalhe e complexidade. Mas o estudo da metafórica xícara de café nos fornece pistas que nos ajudam a desvendar os mistérios da turbulência. Essas pistas valem tanto para o bochecho matinal quanto para o ciclone, com ressalvas.
Pense nisso na próxima vez que preparar o seu café com leite.

*PhD em Engenharia Aeroespacial (Cornell University)
Professor e pesquisador do Centro de Engenharia da Mobilidade
(CEM-UFSC Joinville)