Perfil do Graduando UFSC: universidade é espaço de inclusão, diversidade e acesso à cultura
Lucas Vinício Stank da Silva e Fernando de Almeida são estudantes no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ambos ingressaram no ensino superior por meio da Política de Ações Afirmativas, o primeiro pela cota Escola Pública/Deficiente e o segundo na de Escola Pública/Pretos, Pardos ou Indígenas (PPI). Os dois escolheram o curso de maneira estratégica: pretendem dar voz e visibilidade a um público normalmente esquecido e negligenciado pela mídia brasileira.
O telejornal Conexão UFSC de 21 de março de 2019 foi, pela primeira vez na história da universidade, apresentado por uma pessoa com necessidade especial. Com foco na acessibilidade na praça do bairro Carianos, em Florianópolis, Lucas assumiu a cadeira de apresentador junto com Ana Luiza Pedroso. “Eu sou duplamente uma minoria, uma porque sou cadeirante e duas porque vim de escola pública. É muito importante eu estar neste espaço porque posso trazer essas duas perspectivas que, sinto, estarem em falta no jornalismo”.
Os dados divulgados na V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das IFEs, edição de 2018, apontam que 36% dos graduandos que entraram na UFSC em 2018 foram por meio de ações afirmativas. A pesquisa identificou um universo de mais de 1,2 milhão de estudantes de 65 IFEs, sendo 63 universidades e dois Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), e contou com 424.128 respondentes, sendo que da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) participaram 34.205 graduandos, o que representou 2,8% do total de respondentes.
Dos 12.302 que ingressaram por cotas, 3.010 são Preto/Pardo/Indígena e 89 por Deficiência, esta última implantada na UFSC no Vestibular 2019.
Na UFSC, dos estudantes que declararam possuir alguma deficiência (4,8%), a maioria se concentra na de baixa visão/visão subnormal (983), seguido de Auditiva (188), Deficiência Física (184), Altas Habilidades/Superdotação (160), Deficiência Intelectual (91), Transtorno Global do Desenvolvimento (87), Surdez (43) e Cegueira (16). Para Stank, entrar na universidade é uma maneira de representar a comunidade de pessoas com necessidades especiais. “Isso é muito importante porque estou abrindo portas, estou encorajando muita gente. É difícil, exige muita motivação, mas serviu para mostrar as outras pessoas que elas também podem estar aqui”.